quarta-feira, 22 de maio de 2013

Strangers



Nós que sempre fomos tão previsíveis, tão íntimos e tão alheios quanto uma espera na fila do supermercado; nós que sempre fomos o que queríamos e o que não queríamos ser, nos desprendemos, nos desgarramos, nos desprendemos, como as folhas das árvores num outono de filme americano.
Nós que sempre tão juntos e risonhos, e pensativos, e falantes, e ansiosos um pelo outro, nos esquecemos, nos desconhecemos, nos desligamos. Nos desligamos como a TV, a música.
 Nós que sempre sabíamos pra onde ir mesmo quando não sabíamos, nos perdemos.
Estranhos!
Somente estranhos, depois de tantas sonhos iguais, só estranhos!
Não há volta e o pior é que sabemos.
Estranhos, pra sempre estranhos!
O mesmo tudo, "acostumável", aceitável e trivial.
Nós ainda somos nós, só que de outra forma. Fria, vazia, esquecida!
Eu, às vezes, estranho de mim mesmo, estranho do passado ainda inerte, tento continuar, mas acabo me vendo só um estranho de nós, que sempre fomos só nós.
Nós, feitos por crianças que estão aprendendo a amarrar os sapatos!

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